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domingo, 16 de janeiro de 2011

Alma minha gentil, que te partiste - Camões


Alma minha gentil, que te partiste 

Tão cedo desta vida descontente, 
Repousa lá no Céu eternamente, 
E viva eu cá na terra sempre triste. 


Se lá no assento Etéreo, onde subiste, 
Memória desta vida se consente, 
Não te esqueças daquele amor ardente, 
Que já nos olhos meus tão puro viste. 

E se vires que pode merecer-te 
Alguma cousa a dor que me ficou 
Da mágoa, sem remédio, de perder-te, 

Roga a Deus, que teus anos encurtou, 
Que tão cedo de cá me leve a ver-te, 
Quão cedo de meus olhos te levou.


Dedico este poema a alguém que desta vida partiu há muitos anos, deixando uma saudade imensa e uma esperança que se concretizará em algum lugar do universo, em algum momento do futuro. 

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